27 dezembro 2006

Recebi e me fez refletir muito



A Alma dos Diferentes

Artur da Távola

Ah, o diferente, esse ser especial!
Diferente não é quem pretenda ser.
Esse é um imitador do que ainda não foi imitado,
nunca um ser diferente.

Diferente é quem foi dotado
de alguns mais e de alguns menos em hora,
momento e lugar errados para os outros.

Que riem de inveja de não serem assim.

E de medo de não agüentar,
caso um dia venham a ser.
O diferente é um ser sempre
mais próximo da perfeição.

O diferente nunca é um chato.
Mas é sempre confundido
por pessoas menos sensíveis e avisadas.
Supondo encontrar um chato
onde está um diferente,
talentos são rechaçados;
vitórias, adiadas;
esperanças, mortas.

Um diferente medroso, este sim,
acaba transformando-se num chato.
Chato é um diferente que não vingou.

Os diferentes muito inteligentes
percebem porque os outros
não os entendem.

Os diferentes raivosos
acabam tendo razão sozinhos,
contra o mundo inteiro.

Diferente que se preza entende
o porquê de quem o agride.

Se o diferente se mediocrizar,
mergulhará no complexo de inferioridade.

O diferente paga sempre o preço de estar -
mesmo sem querer -
alterando algo, ameaçando rebanhos,
carneiros e pastores.
O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual,
a inveja do comum, o ódio do mediano.

O verdadeiro diferente
sabe que nunca tem razão,
mas que está sempre certo.

O diferente começa a sofrer cedo,
já no primário, onde os demais, de mãos dadas,
e até mesmo alguns adultos,
por omissão, se unem para transformar
o que é peculiaridade e potencial
em aleijão e caricatura.
O que é percepção aguçada em:
"Puxa, fulano, como você é complicado".
O que é o embrião de um estilo próprio em:
"Você não está vendo como todo
mundo faz?"

O diferente carrega desde cedo apelidos
e marcações os quais acaba incorporando.
Só os diferentes mais fortes do que o mundo
se transformaram (e se transformam)
nos seus grandes modificadores.

Diferente é o que vê mais longe do que o consenso.
O que sente antes mesmo dos demais
começarem a perceber.
Diferente é o que se emociona
enquanto todos em torno,
agridem e gargalham.
É o que engorda mais um pouco;
chora onde outros xingam;
estuda onde outros burram.
Quer onde outros cansam.
Espera de onde já não vem.
Sonha entre realistas.
Concretiza entre sonhadores.
Fala de leite em reunião de bêbados.
Cria onde o hábito rotiniza.
Sofre onde os outros ganham.

Diferente é o que fica doendo
onde a alegria impera.
Aceita empregos que ninguém supõe.
Perde horas em coisas que
só ele sabe importantes.
Engorda onde não deve.
Diz sempre na hora de calar.
Cala nas horas erradas.
Não desiste de lutar pela harmonia.
Fala de amor no meio da guerra.
Deixa o adversário fazer o gol,
porque gosta mais de jogar do que de ganhar.

Ele aprendeu a superar riso,
deboche, escárnio,
e consciência dolorosa de
que a média é má porque é igual.

Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados,
magros demais, inteligentes em excesso,
bons demais para aquele cargo,
excepcionais, narigudos, barrigudos,
joelhudos, de pé grande, de roupas erradas,
cheios de espinhas, de mumunha,
de malícia ou de baba.

Aí estão, doendo e doendo,
mas procurando ser, conseguindo ser,
sendo muito mais.

A alma dos diferentes é feita de uma luz além.
Sua estrela tem moradas deslumbrantes
que eles guardam para os pouco capazes
de os sentir e entender.
Nossas moradas estão
tesouros da ternura humana.
De que só os diferentes são capazes.

Não mexa com o amor de um diferente.
A menos que você seja suficientemente forte
para suportá-lo depois.

08 outubro 2006

O PIOR CEGO É O QUE NÃO QUER VER


ANALFABETO POLÍTICO

Berthold Brecht


O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.

29 setembro 2006

DO FREI BETTO

DEZ CONSELHOS PARA OS
MILITANTES DE ESQUERDA


Em: 24 / 01 / 2002

"A vida é o dom maior de Deus.
A existência da pobreza clama aos céus."


1. Mantenha viva a indignação.
Verifique periodicamente se você é mesmo de esquerda. Adote o critério de Norberto Bobbio: a direita considera a desigualdade social tão natural quanto a diferença entre o dia e a noite. A esquerda encara-a como uma aberração a ser erradicada.

Cuidado: você pode estar contaminado pelo vírus social-democrata, cujos principais sintomas são usar métodos de direita para obter conquistas de esquerda e, em caso de conflito, desagradar aos pequenos para não ficar mal com os grandes.

2. A cabeça pensa onde os pés pisam.
Não dá para ser de esquerda sem "sujar" os sapatos lá onde o povo vive, luta, sofre, alegra-se e celebra suas crenças e vitórias. Teoria sem prática é fazer o jogo da direita.

3. Não se envergonhe de acreditar no socialismo.
O escândalo da Inquisição não faz os cristãos abandonarem os valores e as propostas do Evangelho. Do mesmo modo, o fracasso do socialismo no Leste europeu não deve induzi-lo a descartar o socialismo do horizonte da história humana.

O capitalismo, vigente há 200 anos, fracassou para a maioria da população mundial. Hoje, somos 6 bilhões de habitantes. Segundo o Banco Mundial, 2,8 bilhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. E 1,2 bilhão, com menos de US$ 1 por dia. A globalização da miséria só não é maior graças ao socialismo chinês que, malgrado seus erros, assegura alimentação, saúde e educação a 1,2 bilhão de pessoas.

4. Seja crítico sem perder a autocrítica.
Muitos militantes de esquerda mudam de lado quando começam a catar piolho em cabeça de alfinete. Preteridos do poder, tornam-se amargos e acusam os seus companheiros(as) de erros e vacilações. Como diz Jesus, vêem o cisco do olho do outro, mas não o camelo no próprio olho. Nem se engajam para melhorar as coisas. Ficam como meros espectadores e juízes e, aos poucos, são cooptados pelo sistema.

Autocrítica não é só admitir os próprios erros. É admitir ser criticado pelos(as) companheiros(as).

5. Saiba a diferença entre militante e "militonto".
"Militonto" é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais.

O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica-se numa determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e os projetos comunitários.

6. Seja rigoroso na ética da militância.
A esquerda age por princípios. A direita, por interesses. Um militante de esquerda pode perder tudo a liberdade, o emprego, a vida. Menos a moral. Ao desmoralizar-se, desmoraliza a causa que defende e encarna. Presta um inestimável serviço à direita.
Há pelegos disfarçados de militante de esquerda. É o sujeito que se engaja visando, em primeiro lugar, sua ascensão ao poder. Em nome de uma causa coletiva, busca primeiro seu interesse pessoal.

O verdadeiro militante como Jesus, Gandhi, Che Guevara é um servidor, disposto a dar a própria vida para que outros tenham vida. Não se sente humilhado por não estar no poder, ou orgulhoso ao estar. Ele não se confunde com a função que ocupa.

7. Alimente-se na tradição da esquerda.
É preciso oração para cultivar a fé, carinho para nutrir o amor do casal, "voltar às fontes" para manter acesa a mística da militância. Conheça a história da esquerda, leia (auto)biografias, como o "Diário do Che na Bolívia", e romances como "A Mãe", de Gorki, ou "As Vinhas de Ira", de Steinbeck.

8. Prefira o risco de errar com os pobres a ter a pretensão de acertar sem eles.
Conviver com os pobres não é fácil. Primeiro, há a tendência de idealizá-los. Depois, descobre-se que entre eles há os mesmos vícios encontrados nas demais classes sociais. Eles não são melhores nem piores que os demais seres humanos. A diferença é que são pobres, ou seja, pessoas privadas injusta e involuntariamente dos bens essenciais à vida digna. Por isso, estamos ao lado deles. Por uma questão de justiça.

Um militante de esquerda jamais negocia os direitos dos pobres e sabe aprender com eles.

9. Defenda sempre o oprimido, ainda que aparentemente ele não tenha razão.
São tantos os sofrimentos dos pobres do mundo que não se pode esperar deles atitudes que nem sempre aparecem na vida daqueles que tiveram uma educação refinada.
Em todos os setores da sociedade há corruptos e bandidos. A diferença é que, na elite, a corrupção se faz com a proteção da lei e os bandidos são defendidos por mecanismos econômicos sofisticados, que permitem que um especulador leve uma nação inteira à penúria.

A vida é o dom maior de Deus. A existência da pobreza clama aos céus. Não espere jamais ser compreendido por quem favorece a opressão dos pobres.

10. Faça da oração um antídoto contra a alienação.
Orar é deixar-se questionar pelo Espírito de Deus. Muitas vezes deixamos de rezar para não ouvir o apelo divino que exige a nossa conversão, isto é, a mudança de rumo na vida. Falamos como militantes e vivemos como burgueses, acomodados ou na cômoda posição de juízes de quem luta.

Orar é permitir que Deus subverta a nossa existência, ensinando-nos a amar assim como Jesus amava, libertadoramente.
Frei Betto é escritor, autor de la novela "Entre todos los hombres" (Editorial Caminos, La Habana), entre otros libros.

Fonte:www.mur.com.br Frei Betto

10 setembro 2006



Cansaço!

Que vontade de nada fazer
A não ser pensar em você.
Esquecer as obrigações
Jogar fora meus temores
Reconciliar com o silêncio
E viajar , viajar
até onde eu quiser.

06 setembro 2006

Una bella canzone che mi piace

Amo música italiana

Pause a música d oblog no lado esquerdo para ouvir essa.

17 agosto 2006

Parabéns, Internacional

Parabéns, Internacional
Campeão da Libertadores da América 2006

Rafael Sobis Fernandão

Meus ídolos

Espírito de coletividade, vitória garantida! Amei!!!

11 agosto 2006

Miniconto


Alívio
Ana acordou num sobressalto de madrugada. Ainda meio adormecida, custou a entender, no meio daquela mistura de vozes alteradas e choros: “Pedro morreu!”. Escorregou devagar para baixo das cobertas. Imóvel, prendendo a respiração, temia ouvir que tinha sido engano. Era bom demais para ser verdade.

Marli (2006)

22 julho 2006

Olha que gracinha...


Bodas de diamante. 60 anos de vida em comum. Acho que isso não é mais tão comum! Papai e mamãe como dois namoradinhos, hehehe...



A vida...
são uns deveres que trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê já são seis horas, há tempo...
Quando se vê já é Sexta-feira...
Quando se vê passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me dessem um dia outra oportunidade,
Eu nem olhava o relógio,
Seguia sempre em frente
E iria jogando pelo caminho
A casca dourada e inútil das horas...

Mario Quintana

20 julho 2006

Quanto tempo...


Nossa, faz tempo que não passo por aqui. Mas sinto falta. Aconteceram tantas coisas. Iniciei minha pós graduação, que será um desafio pra mim e um sonho que quero realizar. Bodas de diamante de meus pais. É uma vida, e conseguiram manter ainda o encanto um pelo outro.
Hoje é dia do aniver do meu filhote. 15 anos. O tempo voa e meu bebê está um homem. Também é dia do amigo. Sem eles, que seria de nós? Aos meus amigos virtuais, a minha homenagem. São tão especiais que se passo um dia sem eles, sinto um vazio. É a vida correndo, correndo... Amanhã será meu niver... ou melhor, já é . Passou da meia- noite. hehehe...

Olha só que filhão lindo ...

08 julho 2006

Iniciando uma etapa e um desafio...


Voltei hoje de Porto Alegre. Fui para a etapa presencial do Curso que estou iniciando de Especialização Tecnologias em Educação. Ao chegar na rodoviária, vi do táxi uma frase escrita no muro: "Num mundo de sonhos, meu tempo é precioso". O que me fez pensar bastante. O tempo é curto para realizar tanta coisa sonhada. Precisamos realizar a dificil tarefa de priorizar. Mas mesmo sem tempo, continuamos sonhando. Bem dizia o poeta Quintana: "Uma vida não basta apenas ser vivida, também precisa ser sonhada." Mas tem sonhos que custam a acontecer, outros que ficam sendo pra sempre apenas sonhos. Mesmo assim, é preciso acreditar na mudança, pra não morrer. Não é tarefa fácil quebrar resistências ao novo. As tecnologias ainda causam medo a muita gente, aversão, mas geralmente é devido ao desconhecimento das possibilidades das ferramentas. Por isso o desafio é grande, mas necessário que alguém acredite e vá á luta. Estou me candidatando. Boa sorte pra mim!

14 junho 2006

Cansada, mas aqui estou. Nesse mundo virtual, nada mais real que os fios de amizade que vão tecendo a teia da minha vida. Um amigo vai trazendo outro amigo, que vai descobrindo outro e mais um e mais um outro... É uma festa de idéias, é um estender as mãos, um transbordar conselhos ... Um socorrer angústias, um dividir alegrias... Nessa invisível teia, vamos tecendo nossos dias a espera dos sonhos, muitas vezes apenas sonhos, nada mais...


Fonte:chamaoculta.blogs.sapo.pt

Tecendo a Manhã

João Cabral de Melo Neto

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.


E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

04 junho 2006


Domingo! Hoje acordei escutando a chuva no telhado. Lembrei da Canção da Garoa do Mário Quintana... "Em cima do meu telhado, Pirulin lulin lulin, Um anjo, todo molhado, Soluça no seu flautim..." Gosto de chuva, gosto de acordar e dormir quando der vontade, gosto de não dar explicação para os meus silêncios, gosto de me ausentar estando presente quando o tédio fica insuportável. Mas sempre tem alguém querendo roubar o meu gostar e como sempre temos que nos enquadrar, fingindo ser o que não somos.Levantei da cama e abri a Zero Hora, perto do fogão à lenha (faz frio, também gosto do frio) e li a crônica da Mharta Medeiros, que caiu como uma luva.Vou até publicar aqui pra reler de vez em quando, porque achei perfeita, traduz sentimentos que sempre tive e quem sabe quantos têm e guardam pra si somente, nas suas divagações.

O que mais você quer?

Nada é tão comum quanto achar que uma pessoa não pode querer mais da vida. Quero ter sensações inéditas até o fim dos meus diasEra uma festa familiar, destas que reúnem tios, primos, avós e alguns agregados ocasionais que ninguém conhece direito. Jogada no sofá, uma garota não estava lá muito sociável, a cara era de enterro. Quieta, olhava para a parede como se ali fosse encontrar a resposta para a pergunta que certamente martelava em sua cabeça: o que estou fazendo aqui? De soslaio, flagrei a mãe dela também observando a cena, inconsolável, ao mesmo tempo em que comentava com uma tia. "Olha pra essa menina. Sempre com esta cara.
Nunca está feliz. Tem emprego, marido, filho. O que ela pode querer mais?"
Nada é tão comum quanto resumirmos a vida de outra pessoa e achar que ela não pode querer mais. Fulana é linda, jovem e tem um corpaço, o que mais ela quer? Sicrana ganha rios de dinheiro, é valorizada no trabalho e vive viajando, o que é que lhe falta?
Imaginei a garota acusando o golpe e confessando: sim, quero mais. Quero não ter nenhuma condescendência com o tédio, não ser forçada a aceitá-lo na minha rotina como um inquilino inevitável. A cada manhã, exijo ao menos a expectativa de uma surpresa, quer ela aconteça ou não. Expectativa, por si só, já é um entusiasmo.
Quero que o fato de ter uma vida prática e sensata não me roube o direito ao desatino. Que eu nunca aceite a idéia de que a maturidade exige um certo conformismo. Que eu não tenha medo nem vergonha de ainda desejar.
Quero uma primeira vez outra vez. Um primeiro beijo em alguém que ainda não conheço, uma primeira caminhada por uma nova cidade, uma primeira estréia em algo que nunca fiz, quero seguir desfazendo as virgindades que ainda carrego, quero ter sensações inéditas até o fim dos meus dias.
Quero ventilação, não morrer um pouquinho a cada dia sufocada em obrigações e em exigências de ser a melhor mãe do mundo, a melhor esposa do mundo, a melhor qualquer coisa. Gostaria de me reconciliar com meus defeitos e fraquezas, arejar minha biografia, deixar que vazem algumas idéias minhas que não são muito abençoáveis.
Queria não me sentir tão responsável sobre o que acontece ao meu redor. Compreender e aceitar que não tenho controle nenhum sobre as emoções dos outros, sobre suas escolhas, sobre as coisas que dão errado e também sobre as que dão certo. Me permitir ser um pouco insignificante.
E na minha insignificância, poder acordar um dia mais tarde sem dar explicação, conversar com estranhos, me divertir fazendo coisas que nunca imaginei, deixar de ser tão misteriosa pra mim mesma, me conectar com as minhas outras possibilidades de existir. O que eu quero mais? Me escutar e obedecer o meu lado mais transgressor, menos comportadinho, menos refém de reuniões familiares, marido, filhos, bolos de aniversário e despertadores na segunda-feira de manhã. E também quero mais tempo livre. E mais abraços.
Pois é, ninguém está satisfeito. Ainda bem.
Mharta Medeiros
Zero Hora 04/06/2006
Caderno Donna

21 maio 2006

Adolescente!



Pássaro saindo do ninho
Queres aprender a voar
Mas tuas asas ainda são frágeis.
Como te ensinar o vôo
sem deixar-te tentar?
Como proteger-te da queda
Sem tua liberdade cortar?
Menino querendo ser homem
Para tudo esperiementar
Um dia descobrirás
Que darias tudo
para o tempo voltar.

Marli

OBS: Pensando no meu filho!

14 maio 2006


Dia das Mães!



Como descrever o "ser mãe"?
Já disseram que é padecer no paraíso.
Ser mãe acho que é o esquecer de si mesma
É querer do filho muito juízo.
Só por eles a gente é capaz de renunciar a tantas coisas
Só por eles somos capazes de passar noites em claro
E como regalo um sorriso nos basta. um beijo, um olhar,
uma palavra... Eu amo esses dois!!! Demais!
Olha que fofo o recadinho do meu filho Leonardo
nesse dia das mães!

"Você é a melhor mãe do mundo, querida e bonita.
Sempre me ajudando em coisas difíceis. Advinha qual é
a que mais gosto? O tema, hahaha! E olhe que estou falando a verdade.
Tu sabes que eu quero ser goleiro quando crescer e,
se eu conseguir, o momento mais didícil vai ser a despedida
ou quando eu sair pra fazer a faculdade, vou sentir muita saudade.
Por isso quero lhe desejar um Feliz Dia das Mães!
Leonardo "

07 maio 2006

O Cocô do Cavalo do Bandido

fonte:http://www.wseditor.com.br fonte:www.panamazonica.com.br

Você leria um livro com esse título? A princípio nada me atrairia, a não ser o inusitado. Tenho atração pelo diferente. Não gosto de coisas convencionais. Hoje, larguei o computador e peguei o livro. (uma das únicas desvantagens da telinha é o tempo que rouba das minhas leituras). Se tem coisa de que gosto é cheiro de livro. Sinto um prazer imenso. Pois não é que eu me encontrei lá dentro do livro? E o devorei, até a última linha. O livro é pura poesia. Narrado com uma leveza e nos carrega, ao menos a mim, para um mundo de magia que nos confunde entre a ficção e a realidade. O autor trata de temas do cotidiano, como os conflitos da adolescência e da relação pais e filhos, juntando, de forma inteligente, a prosa e a poesia. Eu, como sou apaixonada por poesia e também tenho filhos adolescentes, mergulhei na história e saí de lá aliviada. Puxa vida, não acontece apenas comigo, foi esse o sentimento. Estive há pouco tempo com Celso Sisto, o autor da obra. Contador de histórias( ou seria estórias? ) , encanta à primeira vista. Celso disse:"Eu conto histórias para não deixar morrer os meus sonhos". E como conta bem!!! "Paixão, conflitos instigantes, personagens bem delineados, boa estrutura narrativa, linguagem bem construída, possibilidade de ler nas entrelinhas, não ser moralista, didático, cativar o ouvinte, suscitar o prazer", são alguns dos elementos citados por ele para se escolher um bom texto pra contar. E o Celso deixa a gente hipnotizada na história que conta. Quanto a essa que li, recomendo. A internet é fantástica. Acho que se lê muito aqui na telinha, mas o LIVRO é insubstituível. É preciso segurá-lo, acariciá-lo, lentamente, sem pressa, como num ato de amor.Como diz Rubem Alves, "Ler é fazer amor com as palavras"!

30 abril 2006


Sem comentários...


Cavalgada

Roberto Carlos

Vou cavalgar por toda a noite
Por uma estrada colorida
Usar meus beijos como açoite
E a minha mão mais atrevida
Vou me agarrar aos seus cabelos
Pra não cair do seu galope
Vou atender aos meus apelos
Antes que o dia nos sufoque
Vou me perder na madrugada
Pra me encontrar no seu abraço
Depois de toda cavalgada
Vou me deitar no seu cansaço
Sem me importar se neste instante
Sou dominado ou se domino
Vou me sentir como um gigante
Ou nada mais do que um menino
Estrelas mudam de lugar
Chegam mais perto só pra ver
E ainda brilham de manhã
Depois do nosso adormecer
E na grandeza deste instante
O amor cavalga sem saber
E na beleza desta hora
O sol espera pra nascer.

25 abril 2006

Turminha do Barulho

Minha turma de Educação Infantil. Muito fofos, né?


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18 abril 2006

Parabéns para você, amiga Gládis. Com um dia de atraso, mas com o coração.
Só que faltam ..... velinhas... Bom, não vou contar quantas faltam, tá. Nem vou te sacanear ... rsrsrs.... obrigada pela tua amizade. Meu presente é minha presença, mesmo virtual.
Beijo!

09 abril 2006

Dizem que a esperança é a última que morre. Mas o que é "esperança"? Vem do verbo esperar? Será verdadeiro o provérbio "Quem espera sempre alcança?" Penso que esperar não pode ser atitude passiva.

A Rua
de Cassiano Ricardo
Bem sei que muitas vezes,
o único remédio
é adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem,
a dívida, o divertimento,
o pedido de emprego, ou a própria alegria.
A esperança é também uma forma
de contínuo adiamento.
Sei que é preciso prestigiar a esperança,
numa sala de espera.
Mas sei também que espera significa luta, e não, apenas
esperança sentada.
Não abdicação diante da vida.
A esperança
nunca é uma forma burguesa, sentada e tranqüila da espera.
Nunca é a figura de mulher
do quadro antigo.
Sentada dando milho aos pombos.

30 março 2006

Que vergonha!!!

Olha só que contrasenso vivemos em nosso país! É por isso que professor ganha pouco. Imagina se conseguir produzir seres pensantes!!! Seria uma ameaça para esses vermes aí! Fellipe Agner produziu o vídeo. Ajude a divulgar!



19 março 2006


O poeta que tanto amo, Mário Quintana, expressou bem o que muitos de nós vivemos no dia a dia. Um dia nos roubam algo aqui, algo ali, um sonho, um direito, uma palavra. E de cada vez, nos matam um pouco. Até que o golpe fatal é quando nos tiram a esperança. Queria escrever algo mais alegre, mas hoje não dá...


DA PRIMEIRA VEZ QUE ME ASSASSINARAM

Da primeira vez em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada...
Arde um toco de vela amarelada...
Como o único bem que me ficou!

Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do Horror! Voejai!
Que luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!

- Mário Quintana -

18 março 2006


Vestibular da Universidade da Bahia* cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de poema de Camões:

"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer".

Imagem do site Laura Poesias


Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação:
"Ah! Camões, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,consultavas a internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!"

Ganhou nota dez. Foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era falta de mulher...

Fonte desconhecida

11 março 2006

Tempos de Mudança

Estou vivendo dias de mudança. Tirando arestas, ajustando minha alma aqui e ali, despertando velhos sonhos guardados, engavetando outros pra daqui a quem sabe quando... Nesses tempos de reinvenção, algumas dores palpitam, algumas alegrias florescem... É a vida, como diz Cecília Meireles, todo dia precisando ser reinventada. Difícil viver, mas morrer não está nos planos, pelo menos por enquanto. Não falo de morte do corpo, mas daquela que acontece quando nos desencantamos com a vida.






Reinvenção
Cecília Meireles

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva, fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

23 fevereiro 2006

Dores

Dores
Em alguns momentos mais difíceis da vida, costumamos olhar mais para a dor. Mas, às vezes, ela nos traz consigo um outro lado bom, que é o saber que você pode contar com alguém justamente nos momentos de fragilidade. E isso nos faz dar a volta por cima e buscar energia para não deixar morrer os sonhos que temos. Nos últimos dias tenho recebido muitas demonstrações de amizade comoventes. Como esse poema que a que uma amiga enviou pra mim.

Dores da Alma

As dores da alma não deixam recados,
imprimem uma sentença
que perdura pelos anos.
Um amor que acabou mal resolvido,
um emprego que se perdeu inexplicavelmente,
um casamento que mal começou e já terminou,
uma amizade que acabou com traição,
tudo vai deixando sinais, marcas profundas...
Precisamos trabalhar as dores da alma,
para que sirvam apenas de aprendizado,
extraindo delas a capacidade de nos fortalecermos,
aprendendo que o melhor de nós,
ainda está em nós mesmos,
que amando-nos incondicionalmente,
descobrimos a auto-estima,
que se deixarmos seguir o caminho
da dor e da lamentação,
iremos buraco abaixo
no caminho da depressão.
As dores da alma não saem no jornal,
não viram capa de revista,
e só quem sente,
pode avaliar o estrago que elas causam.
Como não existe vacina para amores mal resolvidos,
nem para decepções diárias,
o que vale é a prevenção, então:

Ame-se para amar e ser verdadeiramente amado,
sorria para que o mundo seja mais gentil,
dedique-se, para que as falhas sejam pequenas,
não se compare, você é único,
repare nas pequenas coisas,
mas cuidado com as grandes que as vezes
estão bem diante do nosso nariz
e não enxergamos,
sonhe,
pois o sonho é o combustível da realização,
tenha amigos e seja o melhor amigo de todos,
apaixone-se pela vida e por tudo o que é seu,
sinta o seu cheiro e acredite em seu poder de sedução,
estimule-se,
contagie o mundo com o seu melhor,
creia em Deus, pois sem Ele não há razão em nada,
e tenha sempre a absoluta certeza de que,
depois da forte tempestade, o arco-íris vai surgir
e o sol vai brilhar ainda mais forte.
Paulo Roberto Gaefke

16 fevereiro 2006

Olha só o presente que ganhei da minha querida amiga Teresa, lá de Lisboa. Espero que se deliciem assim como eu, com essa paixão que é o meu anjo-poeta. 100 anos de poesia! 100 anos de lirismo e encantamento! Mário Quintana, eu te amo! Obrigada, Teresa!


15 fevereiro 2006

Queridos amigos!

Estou inaugurando a nova casa. Tentei dar nova cara a ela, sem perder a velha identidade. O Baú de Sonhos significa muito pra mim. Foi através desse blog que iniciei a minha caminhada com essa ferramenta. Primeiro aprendendo a criar, depois utilizando na educação. O Baú guarda minhas idéias pessoais, meus escritos,meus achados, minhas alegrias e desilusões, que partilho com amigos. Foi no Baú de Sonhos que me debrucei por muito tempo , aprendendo a linguagem html. Espero que agrade a todos e que sempre venham me visitar e deixar um pouco de si pra alimentar minha alma. Como adoro poesia, deixo aqui uma delas, que escrevi ainda adolescente. Naquele tempo, não havia sequer luz elétrica, televisão, muito menos um computador para registrar nossas idéias. Eu simplesmente ia rabiscando minha solidão, num velho diário, à luz de velas. Rsrsrss... Parece inacreditável, mas foi assim... Não esqueçam de passar lá pra rever o outro baú, tadinho...



REENCONTRO
Tento reencontrar comigo nesta velha madrugada
Perdida de mim
Uma lágrima me chama amarga
Nem sei se quero me reencontrar
Tenho medo de olhar os sinais
que o tempo deixou
ou apagou...
A salvação sou eu mesma
Mas eu mesma não passo de uma sombra
Ou daquele pote de ouro do outro lado do arco-íris
Que eu-criança pensava ser apenas alvo do Tio Patinhas
Nas histórias de Wall Disney.
Marli